Narrado por Chonze José Júnior
Numa missão quase impossível de virar a eliminatória ao seu favor após a derrota sofrida em Kinshasa por 3-0, os locomotivas dos chiveve tinham essa espinhosa missão que na lógica ainda era possível transitar para a fase seguinte da competição.
A lógica manda dizer que era necessário que os locomotivas dos chiveve vencessem no mínimo por 3-0 para empatar a eliminatória, mas isso só ficou na lógica mesmo pois o representante moçambicano estava jogar diante do vice-campeão africano em título com muita história nessas andanças de afrotaças, daí que o nosso representante não conseguiu cumprir as leis da lógica.
Com o caldeirão quase cheio, os locomotivas entraram desfalcados de duas peças cintilantes do seu xadrez habitual, o lateral direito Elísio foi expulso em Kinshasa e o central Cufa por acumulação de amarelos não deram o seu contributo, cabendo à Henry e Emídio ocuparem os seus lugares. E comparativamente ao onze inicial que perdeu em Kinshasa, destaca-se também a titularidade de Bruno Silva na baliza locomotiva em detrimento de Willard Manyatera.
Foram necessários 19 minutos para os locomotivas terem a primeira jogada vistosa no jogo que foi desperdiçada pelo capitão Maninho, longe dos seus tempos áureos.
Aos 37′ mais uma vez o capitão Maninho teria aberto o activo no Caldeirão mas desta vez não foi lesto no remate pois chegou tarde à bola após passe de Nelito, permitindo a defesa do guarda-redes congolês que chocaram-se no lance.
E instantes depois, foi se ao intervalo. No regresso, Barrarijo vendo que o resultado não jogava a seu favor, mandou aquecer Dayo, Jacob e Tchitcho.
Aos 65′ Dayo foi lançado em campo para render Nelito e dois minutos depois, Tchitcho substitiu o já esgotado Paíto. Com essas entradas, o rumou do jogo mudou, pois Tchitcho com a sua qualidade de passe, combinava muito bem com Fabrice, fazia jogar à equipa. Como corolário disso, aos 70minutos, numa combinação entre ele, Reinildo e Dayo, este último teria aberto o activo mas valeu a pronta intervenção do guarda-redes congolês. Estava um jogo vistoso!!
Lucas preocupado em ganhar e sonhar em passar para a fazer seguinte, lança em campo o trunfo do jogo, Jacob Mupeta no lugar de Gildo, uma substituição que gerou confusão na parte dos adeptos uma vez que o médio direto estava fazendo bom jogo até ao período em que foi substituído. Lucas Barrarijo só precisou de dois minutos para provar que era ele que estava certo, pois Jacob no seu segundo lance, levantou os adeptos no caldeirão com um golaço. Era a festa no caldeirão!!
O AS Vita vendo a fúria locomotiva, tirou o seu goleador-mor para a entrada de um trinco com características totalmente defensivas. Era tudo ou nada. Os locomotivas pressionaram para conseguirem o segundo golo e a quiçá o terceiro e AS Vita a gerir o tempo.
Foi nessa toada de muita luta e entrega que os locomotivas ouviram o soar pela última vez do árbitro do encontro, dizendo GAME IS OVER. E por aí terminava a participação do Ferroviário da Beira nas afrotaças que mereceu muitos aplausos por parte dos adeptos presentes que viram o suplício de cabeça erguida do representante moçambicano na Taça CAF, uma caminhada que iniciou na tarde do dia 15 de Fevereiro em Curipip diante do Petite Reviére Noire das Ilhas Maurícias.
Uma vitória insuficiente para continuar em frente naquela que é considerada a segunda mais importante prova de clubes africanos. Entretanto, os números não mentem, em quatro jogos realizados nessa competição, os locomotivas podem orgulharem-se: três vitórias e uma derrota, oito golos marcados e seis sofridos.
Com o fim da participação dos locomotivas nessa prova, as atenções estão viradas para o Moçambola, onde nesse final de semana, serão recebidos no Estádio da Machava com o seu homônimo local em jogo da quinta jornada, ficou adiado para o dia 16 de Abril o jogo entre o Ferroviário da Beira vs Ferroviário de Nacala devido a presença de Gildo, Reinildo e Dayo nos Mambinhas de sub-23 que no dia 11 de Abril defrontam o Gana referente à segunda mão da última eliminatória de acesso aos Jogos Africanos de Congo Brazzaville/2015.