O porta-voz do partido Frelimo, Damião José, disse que a substituição de Armando Guebuza na liderança da Frelimo está fora da agenda da reunião do Comité Central, que se reúne na quinta-feira.
“Este assunto não é preocupação dentro da Frelimo, estamos bem, continuamos unidos e coesos”, afirmou ontem o porta-voz do partido no poder, em conferência de imprensa na sede nacional da Frelimo), embora tenha reconhecendo que o Comité Central é um órgão soberano e novos pontos podem ser adicionados à ordem dos trabalhos.
A substituição de Armando Guebuza na liderança da Frelimo pelo seu sucessor na Presidência da República, Filipe Nyusi, tem sido amplamente discutida nos meios políticos e por analistas em Moçambique, que avisam para o risco da convivência de dois centros de poder, diminuindo a acção do chefe de Estado, nomeadamente nas negociações com a oposição da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) na crise instalada no país após as eleições gerais de 15 de Outubro.
“Essa questão é um equívoco”, comentou ontem Damião José, para quem “não corresponde à verdade que há bipolarização do poder e que o camarada presidente Filipe Jacinto Nyusi estará fragilizado, caso não assuma a presidência do partido”.
Segundo o Damião José, as pessoas que hoje sugerem a nomeação de Nyusi para a liderança do partido “são as mesmas que teciam duras críticas à Frelimo e ao Presidente Armando Emílio Guebuza, porque tinha poderes excessivos”.
Damião José reconheceu como um facto a existência de opiniões a pedir a substituição de Armando Guebuza, mas salientou que “são vozes que vêm de fora” da Frelimo e que, “mesmo que os pronunciamentos tenham sido feitos por quadros do partido não vinculam as decisões ou preocupações” desta força política.
Segundo avançou a agencia LUSA, o porta-voz acusou os dirigentes da oposição que defendem a despartidarização do Estado de assumirem, nesta questão, uma postura oposta e de promoverem a liderança do país e do partido na mesma pessoa e que não faz sentido pensar-se que Nyusi não tem o apoio da Frelimo.
“Foi a Frelimo que elegeu o seu candidato às eleições presidenciais de 2014, foi a Frelimo, sob direção do camarada Armando Emílio Guebuza, que conduziu à vitória do nosso partido e do nosso candidato, que agora é Presidente da República”, declarou Damião José, acrescentando que “não teria sentido o mesmo presidente criar dificuldades ao bom desempenho do Governo de Moçambique, que é suportado pela Frelimo”.
Confrontado pelos jornalistas de que este é o mesmo cenário, com o mesmo tipo de pronunciamentos, vivido há dez anos na transição do ex-Presidente Joaquim Chissano para Guebuza, e que no final este último acabou por assumir a liderança do partido, o porta-voz limitou-se a responder que não se pode substituir ao Comité Central, que na quinta-feira aprovará a agenda dos trabalhos, garantiu a agencia Lusa.
“O importante é esperarmos. O que temos a dizer é que não é preocupação do partido o que tem sido discutido lá fora. Amanhã [quinta-feira] vamos ver o que vai acontecer”, insistiu.
O objectivo central dos temas propostos pela Comissão Política da Frelimo é a análise da situação económica, política e social do país, bem como a apreciação de relatórios dos principais órgãos do partido e ainda do Orçamento do Estado, Plano Quinquenal e Plano Económico e Social, documentos submetidos pelo Governo ao parlamento e que vão ser discutidos na próxima semana.
O órgão do partido no poder reúne-se entre 26 e 29 de Março na Escola Central de Frelimo, na cidade da Matola, arredores da capital.