O Moz Massoko entrevistou o produtor moçambicano Nelson Francisco Dias de Sousa, muito conhecido por Manolo. O jovem produtor que muito recentemente teve uma troca de mimos com o músico, compositor e produtor Sslowly, falou um bocado da sua carreira, como é que começou e da sua experiência internacional.
Manolo revelou a equipe do Moz Massoko, que tem projetos em andamento com grandes músicos Angolanos e que ele é um dos produtores prediletos da cantora angolana Yola Semedo. Confira a entrevista completa…
Moz Massoko: Quem é o Manolo?
Manolo: Meu nome do batismo é Nelson Francisco Dias de Sousa, tenho 30 anos nasci na província de Sofala, distrito de Dondo.
Moz Massoko: Quando é que surge a paixão pela música?
Manolo: O gosto pela música tem duas fases: surge sob influência do meu pai. Me lembro que nos levava aos finais de semana pra comprar cassetes, as últimas novidades, tínhamos gavetas com dezenas de cassetes e tínhamos uma boa aparelhagem sonora na altura e era a melhor da zona (Risos)
Moz Massoko: No início da sua carreira, tiveste alguma ajuda ou teve que se virar sozinho?
Manolo: Quando o meu pai morreu, eu, a minha mãe e os meus irmãos tivemos que nos mudar para Maputo, na altura tinha por aí 17 anos de idade. Foi quando conheci um primo, filho da irmã do meu pai, foi ai onde tudo começou.
Ele tinha um computador e mostrou um editor de áudio nunca tinha visto era Fruity loops 3.0…foi paixão à primeira vista.
Me lembro que nos finais de semana ficávamos horas e horas no pc, eu dava ideia de Beats meu primo Nico executava.
Depois de algum tempo minha mãe comprou um pc para me, instalei o programa e comecei a executar sozinho, na altura ouvia muito hip-hop.
Moz Massoko: Além da produção, já tentaste ser músico?
Manolo: Já virei cantor de Rap umas duas ou três vezes, uma das músicas fiz com F.kay e a irmã, mas não quis ir por aquele caminho preferi ficar na produção musical.
Moz Massoko: Quais foram as dificuldades que você enfrentou no início da sua carreira e como conseguiste supera-las?
Manolo: A maior dificuldade foi quando comecei a frequentar a igreja Mana, foi lá onde aprendi a tocar piano e mais tarde me tornei um dos pianistas da igreja…comecei a tentar fazer Beats com teclados, não foi fácil.
Moz Massoko: Sabe-se que em Moçambique a concorrência é muito forte na área de produção, qual foi o segredo para conseguires ter o destaque tanto ao nível nacional como internacional?
Manolo: Na minha opinião, não acho que em termos de produção musical a concorrência seja forte, primeiro por que nós somos reféns das nossas ideias, não conseguimos transportar isso, não investigamos, nos contentamos com aquilo que fazemos, depois os produtores fazem a mesma coisa todos dias, é preciso inovar. Mas as vezes ouço ideias de produções muito boas mas a sua execução falta um pouco mais de exigência da nossa parte.
Moz Massoko: Qual é para atingir o sucesso?
Manolo: O segredo pra se destacar e reconhecer teu trabalho e investigação e inovação, o mundo da música está mudar precisamos de acompanhar em mudanças em fazer outras mudanças.
Moz Massoko: Qual é o produtor que você mais admira em Moçambique?
Manolo: Eu gosto de trabalho de alguns produtores aqui em Moçambique tais como: Mr.Dino, Kadu Groove beat, Dj Ardiles, Ell puto, Papy Miranda e Fleep Beatz, este último está a fazer um bom trabalho.
Moz Massoko: Como você encara o Sslowly?
Manolo: Sslowly de certa forma é um bom produtor, gostava de ouvir as produções dele quando fazia marrabenta nos tempos da Didácia e companhia. Trouxe uma boa marrabenta, mas o problema dele é que ele só consegue trabalhar depois dos outros trabalharem…
Moz Massoko: Muito recentemente concedeste uma entrevista ao portal SAPO, nela falaste que estavas a produzir algumas músicas de Angolanos de renome.
Podes nos contar um pouco como chegaste a este?
Manolo: Tudo começou quando comecei a trabalhar com a Yola Semedo, eu fui atrás das coisas ninguém veio me procurar, me tirar da cama, através das redes sociais ou coisa parecida, fui conhecendo mais artistas contactei e firmei parcerias, hoje para além da Yola Semedo, trabalho com a CTEmpreendimento de Angola (Camilo Tavares) onde estão lá vários artistas como: Ana joyce, CELMA ribas, Eddy Tussa, Teen Over, 2much etc. Também produzi recentemente Heavy C, que neste momento encontra-se em paris já a gravar a música.
Moz Massoko: Qual foi a sua sensação quando produziste a música da Yola pela primeira vez?
Manolo: Quando produzi Yola Semedo me senti feliz e realizado. Foi uma experiência incrível, foi como se eu produzisse Michael Jackson, Yola e o seu marido Carlos deram-me muita força e disseram que faço parte de um leque dos produtores favoritos deles, isso para me, só tenho que agradecer a Deus por isso.
E vem aí uma parceria que firmei entre uma cantora moçambicana e Yola Semedo a música já está sendo feita.
Moz Massoko: Existem alguma diferença entre o nível de exigência de um cantor Moçambicano e Angolano?
Manolo: Existem sim muitas diferenças entre o nível de exigência dos cantores angolanos e moçambicanos, os angolanos são mais abertos e exigentes, hoje em dia em Angola o nível de exigência dobrou não aceitam coisas de qualquer maneira, a música deve ser caprichada o máximo possível. Já aqui em Moz, os cantores não tem isso em mente, não são críticos, aceitam tudo, eu não gosto disso, temos que mudar o mundo está a mudar.
Moz Massoko: Quando você produz músicas de um cantor Moçambicano, encaras da mesma maneira com a de um Angolano?
Manolo: O estado actual da música moçambicana de certa forma evoluiu, por que temos mais gente a fazer música, podemos fazer coisas melhores mas primeiro temos que mudar a nossa mentalidade música não se faz sozinho. Temos que ser exigentes com nós mesmos. E outra coisa que não nos ajuda muito é a localização geográfica, culturalmente falando estamos mal localizados, isso não ajuda.
Moz Massoko: Como recebeste a notícia sobre o regresso de Fred Jossias nas câmeras?
Manolo: Ouvi dizer que o Fred voltou, mas ainda não o vi, mas isso é bom, ele é um bom comunicador nato e força pra ele.
Moz Massoko: Achas que já es um homem realizado?
Manolo: Ainda não sou homem realizado, tenho os meus desafios e pelos vistos são maiores do que eu.
Moz Massoko: Sonhavas que algum dia pudesse ter o destaque que tens hoje?
Manolo: Não esperava chegar onde cheguei, mas já espero chegar onde vou chegar estou mais confiante e determinado mais do que nunca (Risos).
Moz Massoko: Que mensagem vais deixar aos produtores que dia e noite estão tentando se singrar no nosso país?
Manolo: Aos produtores musicais ou aos candidatos, muita força e não parem no tempo, sigam a globalização, claro com aquele toque clássico e sejam mais abertos. Eu disse ami mesmo “não sou bom, mas as minhas obras me tornarão grande”.