Já pensei em desistir da música: Twenty Fingers

A equipe do Moz Massoko entrevistou o músico dos “Shortinhos” ou simplesmente Twenty Fingers. Durante a entrevista o jovem músico que neste momento encontra-se em Portugal, falou um pouco da sua trajetória no mundo da música e fez grandes revelações. Confira a entrevista…

Moz Massoko: – Quem é o Twenty Fingers?

Twenty Fingers: – O Twenty Fingers é um músico Moçambicano, que nasceu no dia 02/12/1988 na cidade da Beira, província de Sofala.

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Moz Massoko: – Quando é que surge o gosto pela música?

Twenty Fingers: – O gosto pela música surge quando ainda criança, pois gostava muito de frequentar a igreja, e isso fez-me apaixonar pela música.

Moz Massoko: – O facto de ter um irmão músico e produtor terá influenciado, ao Twenty Fingers, a abraçar o mundo da música?

Twenty Fingers: – Tenho um irmão músico e produtor. Mas não foi por sua influência que eu abracei o mundo da música, até porque não é com ele que faço as minhas músicas. Também sou produtor e compositor.

Moz Massoko: – Era seu sonho ser músico?

Twenty Fingers:  – Para ser sincero, não era meu sonho ser músico. Eu só queria experimentar o cantar e depois desistir. Mas, com o andar do tempo, as pessoas começaram a incentivar-me, dizendo que eu tinha futuro na música, e  também, fui vendo que tinha este dom, um dom que Deus me deu, não podia desperdiça-lo. Com força de familiares, amigos, vizinhos e irmãos da igreja, fui me firmando na música, e hoje sei valorizar isso. Hoje sou um grande músico, graças a Deus, e não me arrependo por estar nesta área.

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Moz Massoko: – Como foi a sua experiência no Show de talentos?

Twenty Fingers: – O Show de talentos foi uma experiência muito boa, ter participado no meio de muitos artistas que lá estiveram. Não pude ganhar, mas levei comigo muita experiência da academia. Agradeço a todos os professores, e às professoras Isabel e Pérola Jaime, em particular.

Moz Massoko: – O que você não gostou durante a sua estadia no Show de talentos?

Twenty Fingers: – Gostei tudo no show de talentos porque ninguém me faltava ao respeito.

Moz Massoko: – O que você aprendeu durante o confinamento no reality?

Twenty Fingers: – Aprendi muita coisa no reality. Aprendi como devo estar no mundo da música, afinações de voz, como brincar com o público, saber interagir com o público, quando estiver a atuar.

Moz Massoko: – Ficaste conformado com o vencedor daquele reality? chas que foi justo?

Twenty Fingers: Conformado não fiquei. Acho que nem posso falar muito disso, porque já é sabido que o que funcionava lá dentro eram votos do público.  Justo não foi.

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Moz Massoko: – Quais foram as dificuldades que o Twenty enfrentou antes de se singrar no mundo da música?

Twenty Fingers: Enfrentei várias dificuldades, mas vou citar algumas: – já fui rejeitado nas rádios, televisões e por alguns artistas; – Passei por muitas humilhações, já pensei em desistir da música. Mas eu disse o seguinte: – Deus está comigo, e se eu escolhi este caminho vou até ao final, porque sei que a estrada é longa. Eu só peço forças ao Senhor.

 

Moz Massoko: – Temos conhecimento de que o Twenty Fingers deu muito duro para chegar onde está neste momento, queremos saber se durante esse todo processo, teve o apoio do seu irmão (Sslwoly) ou teve de se virar sozinho.

Twenty Fingers: – Sim! Eu dei muito duro mesmo para estar onde estou, tive que passar por muita coisa (que vocês nem imaginam). Já andei 90 km a pé. Tudo isso por causa da música. À noite e no escuro. Corri vários risco, numa certa ocasião vi a morte por perto, por pouco fui morto, mais graças a Deus hoje estou aqui. Nunca tive apoio de Sslowly, tudo foi pelo meu esforço. Em Tete conheci um jovem de nome Nelson, Ele faz parte da música promo. Num belo dia, o jovem veio ao meu estúdio e ouviu as minha músicas, e disse que as mesmas eram muito boas. Ele pegou as minha músicas e colocou num pen drive e disse que ia lançar as músicas pela Internet.

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Moz Massoko: – Antes de explodires na arena musical Moçambicana, ficamos a saber que viveste por muito tempo na cidade de Tete, onde trabalhaste como produtor de música e de vídeo clips. Será que poderias nos falar como é que foi essa experiência?

Twenty Fingers: – Sim! Isso foi assim: – Eu estava a trabalhar na Beira, no estúdio de Gerson (foi ele que me ensinou a produzir). Um belo dia, apareceu no estúdio um músico da cidade de Chimoio chamado puto Nhamadjuia. Chegado lá, naquele dia, eu trabalhei a sua música. Conhecêmo-nos e trocámos números de telefone e ele se foi. Volvidos pelo menos 2 meses, recebi uma chamada de um senhor de Tete chamado Júlio Calengo. Ele tinha um estúdio e não tinha produtor. Ligou – me e disse assim, “foi o puto Nhamadjuia que me deu seu número”. Naquele momento, o senhor estava a precisar de um produtor. Perguntou-me se eu estava disponível, eu disse que sim. Nessa altura eu queria muito conhecer a cidade de Tete. Acertamos tudo, e em seguida falei para os meus pais que dentro de pouco tempo iria para cidade de Tete trabalhar. O meu pai, primeiro, não concordou, ai eu expliquei que era para meu bem, coisas do género. Meu pai acabou por concordar, já a minha mãe é que não queria que eu fosse à cidade de Tete, alegando que aquela cidade tinha muita feitiçaria. Mas eu insisti, e disse para ela que era lá onde ia aprender a viver. A gente aprende onde há dificuldades e onde há barreiras, cheguei a dar um exemplo. Disse para ela que para um jogador marcar um golo passa por muitos jogadores …(RISOS)… vocês já sabem como é uma mãe. Eu disse que ia, e se visse que nada estava a correr bem voltava. Liguei para o senhor Júlio Calengo, passei o número dele para meus pais, ele falou com os meus pais e no dia seguinte fui para Tete. Mas atenção, não fui para lá como músico, fui para lá como produtor musical, o estúdio se chamava “Vinoge Produções” por acaso a experiência foi muito boa.

Moz Massoko: – Rolam rumores de que o Tweenty Finger passou por muitas dificuldades quando chegou à cidade de Tete, e que passou por altos e baixos… Será que poderia s contar-no quais foram as dificuldades que teve que enfrentar quando lá chegou?

Twenty Fingers: – Passei por muitas coisas em Tete, muita coisa mesmo que prefiro não entrar em detalhes. Digamos que a minha vida começou lá, a minha primeira namorada conheci lá. Abri meu estúdio pessoal lá e muitas coisas. Todo o mundo passa por altos e baixos. Eu passei por piores baixos. Mas hoje estou aqui em pé, pronto para seguir o caminho é o que deus mandar.

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Moz Massoko: – Como é que conseguiste dar a volta por cima, em uma cidade que era quase estranha para si, e não tinha muitos conhecidos?

Twenty Fingers: – Consegui dar a volta por cima confiando em Deus, não custo criar amizades. O que fez com que eu conhecesse muita gente em pouco tempo. Eu recebia pessoas de fora da cidade, oriundas de Malawi, Angónia e de vários distritos, para gravar música no estúdio em que eu trabalhava.

Moz Massoko: – Quando estava no Show de Talento, falou que o Matias Damásio era a fonte da sua inspiração, mas agora temos notado um Tweenty Finger a fazer um estilo um pouco diferente do Damásio. Qual é a sua fonte de inspiração? Em quem você se espelha?

Twenty Fingers: – Sim! Eu admiro o Músico angolano Matias Damásio, ele é em quem eu me inspirava, não deixei, ainda me inspiro nele, mas tem aí o cota dos cotas que é Oliver Mtukudzi, esse sim senhor…. Ele é que é o meu pilar, me espelho no Oliver Mtukudzi.

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Moz Massoko: – A música “AGARRA” foi, de certeza, absoluta a varrinha mágica que catapultou a sua carreira. Quando o Twenty escreveu essa música contava que ela faria tanto sucesso?

Twenty Fingers: – …(Risos)… Sim! A música “Agarra” foi a que me lançou. (Risos) para ser sincero, não contava com o sucesso desta  música pois não fazia este estilo mas sim Regae e Pandza. O som Agarra foi aquela coisa de “deixa eu experimentar” como vai ficar se cantar esse estilo. E SIM…. Cantei e o meu agente da música promo lançou a música eu já tinha lá colocado o nome do Dj Faya sem ele saber. A música começou a girar e foi com muito êxito. Vou aproveitar o momento para agradecer a participação do Dj Faya e as pessoas que receberam a música Agarra.

Moz Massoko: – Do momento o Twenty trabalha com quantos produtores?

Twenty Fingers: – Primeiramente, trabalhava com Flap beatz, agora estou a trabalhar com a Inovações Sons Music, onde trabalho com o produtor Dj Tarico e Dj Angel. Tem também Tides Beatz e o Dj-ky Mercy. Sinto-me um vencedor graças a Deus e ao meu agente da música promo, minha família e amigos.

Moz Massoko: – Como é que se sente depois de várias tentativas frustradas e agora conseguir aquilo que você tanto procurava – o SUCESSO?

Twenty Fingers: – Estou muito feliz, hoje, por ter conquistado meu espaço cá em Moçambique tanto como fora do país.

Moz Massoko: – Agora que está no pico da sua carreira, qual é a mensagem que vai deixar ao jovens que estão à procura de espaço, no mundo da música?

Twenty Fingers: – Aconselho a todos que têm o sonho de ser artistas que não desistam do mesmo. Acreditem, ele pode estar quase a realizar-se. Não desistam, nada é fácil, e nada cai do céu. Se precisarmos de alguma coisa, temos de ir atrás, a estrada é longa, não há luta que não tenha fim, e não há problema que não tenha solução.

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