“Até fim de março governaremos as seis províncias” disse Dhlakama em entrevista DW África

A partir da parte incerta, o líder do maior partido da oposição no país, Afonso Dhlakama, concedeu uma entrevista ao DW África, na qual reafirmou que irá governar as províncias que venceu nas últimas eleições.

Dhlakama reiterou que os seus homens armados não atacam civis.

Confira a seguir, a entrevista que o líder da “perdiz”concedeu ao Dw África.

DW África: Qual é a preocupação da RENAMO neste momento?

Afonso Dhlakama (AD): A preocupação da RENAMO é a preocupação do povo, sobretudo o povo que tem vindo a votar na RENAMO e no seu líder. Em resumo, para mantermos a democracia e para evitarmos o pior em Moçambique, porque o povo promete que se a RENAMO não fizer algo ele, sem liderança, pode sair a rua, prefere mesmo partir tudo e até morrer e isso pode ser um caos para Moçambique. Então, a prioridade da RENAMO, e que é do povo, é governarmos as seis províncias onde tivemos a maioria nas últimas eleições, embora tenha havido fraude, resistimos muito, ficamos acima de todos os partidos. Governar com democracia e não dividir o país como a FRELIMO alega, nem reivindicar a independência de cada província, mas governar pacificamente havendo alternância governativa ao nível local. Esta é a preocupação da RENAMO e minha neste momento.

Afonso Dhlakama líder da Renamo em Tete

DW África: A RENAMO tinha prometido governar a partir de 1 de março as províncias onde diz ter vencido nas eleições de 2015. Entrentanto isso não aconteceu até agora. Porque?

AD: Não, a RENAMO não disse o dia, disse que a partir do mês de março vai iniciar a sua governação. Hoje, segunda-feira (14.03.), ainda faltam dezasseis dias para terminar o mês. Vamos iniciar essa governação paulatinamente, vamos tomar conta de vários distritos de cada província e estabelecermos as normas, as nossas administrações. Nós não dissemos que a partir de março vamos pegar nos paus e expulsar a FRELIMO, não. De facto, março é este mês, posso lhe garantir que há-de ouvir antes do dia trinta e um deste mês que a RENAMO nas províncias onde obteve a maioria já tomou tantos distritos. Foi o que prometemos e não há nada que esteja fora do prazo.

DW África: Nos atuais confrontos a maior parte das vítimas tem sido civis, segundo a imprensa, contrariamente ao confronto anterior em que a maioria eram soldados do exército. Esta situação deixa muitos cidadãos descontentes, o que em certa medida faz com que a RENAMO não seja tão bem vista como no anterior conflito. A RENAMO tem consciência dessa apreciação?

AD: Absolutamente não. Minha senhora, nasci e cresci em Moçambique, sou moçambicano e estive na FRELIMO antes de lutar pela democracia. O povo moçambicano sabe o que está a acontecer, mesmo a imprensa moçambicana sabe o que está a acontecer. Um e outro frelimista pode tentar transmitir uma imagem negativa. Vou dizer-lhe, este conflito reiniciou há um mês provocado pela FRELIMO. Desde janeiro e fevereriro a FRELIMO contratou norte-coreanos, treinou um grupo de esquadrão da morte em Maputo e esse grupo foi espalhado pelas províncias do centro e norte. Segundo a FRELIMO era para impedir a governação da RENAMO e esses grupos andavam de carros de tração as quatro rodas que durante a noite raptavam membros da RENAMO e até apoiantes, faziam isso num distrito e no dia seguinte encontravam-se os corpos no mato. E os embaixadores europeus e africanos acreditados aqui sabem dessa situação. Então, o departamento da defesa da RENAMO tomou medidas, fez emboscadas entre o troço rio Save porde entram do sul para o centro, fez outra emboscada entre o rio Save e Muxúnguè e colocou-se também entre Chimoio e Tete e entre Gorongosa e o rio Zambeze, em Caia, para intercetar esses grupos de raptores. De facto, muitos foram apanhados e a situação já esta melhor. Ora, nesta tomada de medidas a FRELIMO criou colunas militares, obrigou os transportadores a serem escoltados, porque os militares da FRELIMO já não podiam passar com receio de serem atacados, conhecem a capacidade das forças da RENAMO. Então, as forças da FRELIMO, para fingirem, obrigaram os camiões e transportadores do sul a transportarem os soldados. Ora, neste processo dos militares da FRELIMO entrarem nos carros civis, então a RENAMO dispara contra carros militares calha que morre um e outro a FRELIMO manda jornalista dizerem que a RENAMO atacou civis. Sabe muito bem. A RENAMO sobrevive graças ao apoio da população. A RENAMO se quizesse matar civis nas suas zonas [já o teria feito], vive com civis. Não era preciso a RENAMO ir escolher uma estrada para atacar os carros civis, porque eles circulam pelos distritos. A RENAMO fechou a logística das forças governamentais, mas a FRELIMO para lançar propaganda com vergonha por estar a sofrer baixas até hoje não consegue dizer que vinte, trinta ou quarenta (soldados) mancebos ou Forças de Intervenção Rápida morrem por dia, falam da população. Não há população que esteja a morrer, mas um ou outro pode ser vítima dos tiros de um e outro lado. A situação que posso confirmar na provínia de Tete é o seguinte: Os confrontos fizeram com que grande parte [da população] em Nkondedzi, distrito de Moatize se refugiasse no Malawi. Mas também foi confirmado que as populações fugiram das atrocidades das forças governamentais.

dhlakama07

DW África: Em relação a isso o Governo diz que não há refugiados de guerra, são familiares e apoiantes da RENAMO que estão no Malawi…

AD: Minha senhora, parece-me que rádios internacionais reportaram a situação há algumas semanas. Há uma agência das Nações Unidas credível, a ACNUR que esteve no Malawi e viu refugiados moçambicanos lá, incluindo crianças e disseram de boca cheia que fugiram das atrocidades das forças governamentais porque as forças da RENAMO entram em confronto com as forças governamentais, e estas levam porrada vingam-se. Queimam as casas acusando a popualção local de estar a apoiar a RENAMO. Aliás, essa é a política [da FRELIMO]. Há dois anos, aqui em Satundjira, em Maringue, as populações ficaram sem casas, é o mesmo que aconteceu emNkondedzi. A própria STV, que é o órgão privado daqui, esteve no Malawi onde entrevistou pessoas, esteve nas zonas abandonadas e confirmou [tudo]. A ser verdade é propaganda do governador de Tete a dizer que não são refugiados, mas familiares da RENAMO. Já são quase dez mil, então, a ser assim são todos os dez mil familiares [dos membros] da RENAMO num lugar tão pequeno? Isto é propaganda antiga e que já não cola. São refugiados, só que a FRELIMO não quer aceitar que o Malawi lhes conceda o estatuto de refugiados, porque é uma pouca vergonha. O Malawi é um país tão pequeno, não tem comida para dar e por isso está a apelar. E agora o vice-ministro da Justiça ou algo semelhante, levou a TVM, a televisão estatal que faz propaganda para a FRELIMO, levou os chefes dinamizadores da cidade de Tete para as zonas em causa e instruiu-lhes previamente para dizerem que as populações fugiram das atrocidades das forças da RENAMO. Só que já não pega nada porque todo o mundo sabe porque aquelas populações fugiram.

Mas voltando atrás, não há muitos civis que estão a morrer, foram três emboscadas: na zona do Zove, no troço entre o rio Save e Muxúnguè, a segunda emboscada na zona do Zonde, Catandica, no troço entre Chimoio e Tete, e a última emboscada foi no troço entre a vila da Gorongosa e a ponte sobre o rio Zambeze em Caia. Portanto, na áera de Nhamapanza e Nhamajaja.

Nyusi e Dhlakama

DW África: Nessas emboscadas, pelo menos numa delas morreu o motorista de uma transportadora, foi uma emboscada contra autocarro de passageiros…

AD: Não era de passageiros, minha irmã. Isto aconteceu em Vonde há uma semana, o machimbombo era da empresa Naji cheio de FADEMOS, Forças Armadas de Moçambique, que saiam de Chimoio para Tete. Pode usar a Rádio Deutsche Welle e as suas fontes, vai ter as provas. Eu não tenho que aldrabar e nem fazer propaganda. Então o motorista foi atingido, sei muito bem, foi num sábado às nove horas. Não havia nenhum elemento da população, morreram trinta e nove FADEMOS. Pode morrer um e outro elemento da população, não estamos a fazer a guerra santa, pode apanhar um, temos de dizer que sim. Agora dizer que a RENAMO está a atacar civis não, porque seria um problema sério, a RENAMO sobrevive graças ao apoio da população.

DW África: Também durante os primeiros confrontos o assunto RENAMO era gerido pelo ministério da Defesa, mas numa determinada altura passou para o ministerio do Interior. Quando há confrontos quem responde é a Polícia. Acha que esta é uma tentativa de minimizar o estatuto da RENAMO ou de transformar a RENAMO numa espécie de desordeiors ou simples marginais?

AD: Não. Quando entraram elementos da RENAMO depois do Acordo Geral de Paz, no tempo do Chissano, ele não gostou assim como todos os estrategas da FRELIMO. Viram que as FADEMOS (Forças Armadas de Moçambique) não iriam servir os interesses da FRELIMO, porque a FRELIMO sempre continuou a controlar as Forças Armadas, ela criou [outro] exército como alternativa, a Polícia de Intervenção Rápida, agora FIR, Forças de Intervenção Rápida, controladas pelo ministério do Interior. Este é um exército 100% [da FRELIMO], porque não há mistura com a RENAMO. É um exército constituído por antigos militares que lutaram contra a RENAMO durante 16 anos e os jovens que são incorporador no exército não pertencem a uma polícia qualquer. É um exército próprio porque as FADEMOS têm muita desconfiança.

Embora os nossos homens não sejam generais e nem são considerados, mas a FRELIMO desconfia das FADEMOS porque eles também não aceitam esse controle e quando são mobilizados eles fogem, enquanto a FIR é controlada pelo ministério do Interior e não é uma polícia. Esta FIR é um autêntico exército com mais condfições do que as FADEMOS. Têm carros de combate, armas pesadas, ganham bem e têm quarteis próprios. Portanto, ás vezes alguns generais das FADEMOS a comandar na FIR. É o que está a acontecer. Não é para minimizar a RENAMO ou para o desprezar e atribuir a RENAMO um estatuto de bandidos. Não pelo contrário. É que a FRELIMO sofreu baixas e as FADEMOS são a alternativa à FIR. Mas mesmo assim, a FIR está também a sofrer baixas. Atualmente a FRELIMO não tem efetivos. Tentou lançar ofensivas na Zambézia, em Nampula e aqui perto da Gorongosa, mas colocamos todos eles fora de combate.

Fonte: Dw África

6 comentários em ““Até fim de março governaremos as seis províncias” disse Dhlakama em entrevista DW África”

  1. A Renamo tem que por mão na consciência porque o povo não pode ser refém de um grupo de pessoas instrumentalizadas para desestabizar um país que está em progressivos avanços rumo ao desenvolvimento.
    Aliás, este apelo é extensivo para todos aqueles que se deixam levar para travar o desenvolvimento de Moçambique.

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  2. sem duvida o adépto do diabo é diabo, ja é abito da renamo matr quem que nao sabe? o referido Nagi que saia da beira pra tete xtava la minha prima que nem entende coisas da politica, mas sofreu, com razao defender rnamo? em Ncondedzi a renamo nao tem armazem de comida anda ameacar a populacao pra conseguir comida quem que nao sabe? viver contra paz é pecado irmaos. quem pode aceitar ver os filhos ameacados sem intervir? o governo tem o dever de defender o povo é por isso estao a cumprir pela defesa, meus irmaos saibam que um dia alguem ira responder caro na presenca de deus sobre essa sangue que esta deramar.

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  3. Que a paz prevalessa em moçambique, olha irmao eu tivi a opurtunidad d conversar cm mais d 3 mil pessoas, acredite que ds mesmos so 2 ek xpecularam k talvez os homem k xtao a matar,distruir e ate queimar as viaturas na N1 podem ser homens da renamo mas nao ha serteza nem tao pouco.
    Eu xtava em pemba rumo a maputo levams purada por homem nao clarifikando ser da renamo e ate acridito eu k inalgum momento vamrt ns sulpreeder n futuro.

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  4. O que aconteci dia apos dia n nosso paiz é de lamentar, ora vejams frelimo é mexmo dizer governo em moçambique isto é porque nao sao distintos, a renamo cmo maior na oposiçao, agora responda minhas perguntas.
    1= que tipo ou forma d dialogo que sempre si fala?
    2=si o president queq paz porque é que nao aceita as normas que a renamo impoz
    3=si o president gosta d seu patrao vulgo povo porke equdd ns esta a dexar morrer
    4=nos entramos ond ns roubos da frelimo governo e a renamo
    5=k tipo d sono é que temos que nunka acordams.
    6=si o president quer paz mesm veja quantos dr, licenciads, graduads, 12°classe, formacoes e e ate uk ja mi esqueci estao a zanzar nas cidads ou aredoris mas sao d moz?
    7=porque ék o governo e a frelimo continua a triplikar kargos e sem divida formaxao?
    IRMAOS EU VOLTAREI AMANHA QUASI A MEXMA HORA,

    Meu dizabaz e nao xto a fumentar nada OBRIGADO

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  5. É estranho o que está acontecer em Moz, todos cometam mal da renamo esquecendo que estes também são moçambicano aliás parece não estar a ver os milhares de erros cometido pela linha da frente.
    Irmão o importante para população sao justificações mas sim PAZ!

    O mais estranho é que os tais académicos moçambicano assim como os tais padres ou bispos estão politicalizados, se não vejamos qual foi o pronunciamento do Dom Diniz Singulane e do Lourenço do Rosário após o assassinato dos guarda costas do Líder Dlakama logo depois de terem lhe negociado para sair das matas? (Ficaram no silêncio como nada lhes apoquentasse) ESTRANHO
    Acho que falta mais vontade na Parte do governo da Frelimo manter a Paz, a Renamo só perdeu confiança.
    O povo deve começar agir, exigir a Paz, em nenhum dia a classe dominante vai se interessar pelo bem da dominada. Estes é que deve lutar para ter o seu direito.

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