De PlayStation pirata à camisa 10 do Real Madrid: a trajetória emocionante de Arda Güler

 

Em uma carta comovente publicada no The Players’ Tribune, o jovem craque turco Arda Güler abriu o coração e compartilhou os momentos mais marcantes da sua vida – da infância humilde em Ancara até o sonho realizado de vestir a camisa do Real Madrid. Com o título “Carta às crianças do meu país”, o texto mistura humor, drama e superação, revelando o percurso de um garoto que nunca desistiu, mesmo diante das dificuldades mais duras.

Infância, PlayStation falso e futebol de rua

A história começa com um desejo simples: ter um PlayStation para jogar FIFA 17. Aos 12 anos, Güler implorava diariamente ao pai por um console, mas passava mais tempo jogando futebol nas ruas do que diante da TV. Um dia, o sonho se concretizou – ou quase. “Quando liguei o PlayStation, ele já tinha vários jogos instalados. Mas os nomes dos clubes estavam esquisitos. Em vez do Real Madrid, tinha um tal de ‘MD Blanco’”, contou, rindo da lembrança do “FIFA falso” comprado no mercado. “Meus amigos riram, e eu tentei rir também. Mas, no fundo, não me importava. O importante era jogar.”

Crise financeira e o sacrifício da família

Güler relembra a luta da família para garantir seu futuro. A loja do pai, única fonte de renda, fechou, e o dinheiro ficou curto. “Meus amigos saíam para comer waffles, mas eu inventava desculpas porque não podia pagar.” Mesmo assim, os pais encontraram forças para incentivá-lo. Foi o professor de educação física Mahmut quem indicou a inscrição na academia do Gençlerbirliği. O pai topou, mas o custo foi alto: “Um dia, ele me disse: ‘Filho, temos que fechar a loja’.”

Primeira vez no estádio e o início do sonho

Aos nove anos, Güler teve sua primeira experiência no estádio do Fenerbahçe graças a uma punição que proibia a entrada de homens adultos. Ele e a família dirigiram por cinco horas até Istambul para comprar ingressos. Dormiram no carro e conseguiram. “Éramos os terceiros da fila. Foi um dos dias mais felizes da minha vida.”

Aos 13 anos, a responsabilidade de “encher a geladeira”

A decisão de sair de casa para tentar a sorte no Fenerbahçe veio acompanhada de uma carga emocional enorme. “Na minha festa de aniversário, antes da mudança, minha irmã me olhou e disse: ‘Arda, você tem que encher a geladeira’.” Sozinho em Istambul, Güler chegou a fugir de volta para casa, incapaz de lidar com a solidão. Um recado enviado por um amigo ao pai mudou tudo: a família vendeu tudo e foi morar com ele na capital turca.

A luta pela vida da mãe

Um dos trechos mais emocionantes da carta é a lembrança do momento em que soube que a mãe havia passado por uma cirurgia cardíaca de emergência. “Quando ouvi, o futebol desapareceu. Só chorava.” Ela assistiu a um dos jogos do filho da cama do hospital, emocionada. “Prometi a mim mesmo que jogaria por ela.” Dois meses depois, marcou um golaço contra o Dínamo de Kiev e revelou, sob a camisa, uma mensagem: “Mãe, eu te amo muito!”

A ligação havaiana de Ancelotti

Quando os gigantes europeus começaram a disputar sua contratação, Güler hesitou. Mas tudo mudou com uma videochamada inesperada de Carlo Ancelotti. “Ele estava de férias, usando uma camisa havaiana, óculos escuros e, acho, até um charuto. Disse: ‘Arda, seu futuro é aqui. Talvez você não jogue no primeiro ano, mas seu momento vai chegar.’” O técnico pediu que ele prometesse que assinaria com o clube. “Era como um casamento”, descreveu o jovem, emocionado com o choro da mãe na apresentação.

A gafe com Raúl e os trotes de Ancelotti

Nos primeiros dias no Real Madrid, Güler mal acreditava onde estava. Ancelotti virou uma espécie de mentor – e também brincalhão. “Um dia ele me apresentou ao Raúl, mas eu disse: ‘Desculpa, senhor, esse não é o Raúl.’” A dúvida gerou gargalhadas no vestiário e virou piada interna entre os veteranos como Kroos e Modrić.

O sonho da camisa 10

A carta termina com os sonhos que Güler ainda quer realizar. Em um caderno intitulado ARDA 10, ele anota os nomes de quem o ajudou – de familiares a médicos. “Quero vencer a Liga dos Campeões e vestir a camisa 10 do Real Madrid. Mas, acima de tudo, quero abrir caminho para uma nova geração de jogadores turcos.”

Com apenas 20 anos, Arda Güler já viveu o suficiente para encher vários capítulos de uma biografia. Mas como ele mesmo afirma, a história está apenas começando.

Gostaria que eu adaptasse esse texto para outro formato, como roteiro de vídeo ou publicação para redes sociais?

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