Bill Gates, cofundador da Microsoft e copresidente da Fundação Gates, reafirmou o compromisso de doar a totalidade da sua fortuna — estimada em cerca de 185 mil milhões de euros — até 31 de dezembro de 2045, data prevista para o encerramento oficial da fundação que criou em 1995. O anúncio foi feito numa publicação no seu site oficial e confirmado pela agência Reuters.
“Há tantos problemas urgentes no mundo que não posso justificar manter recursos que poderiam estar a salvar vidas. Podem dizer muitas coisas sobre mim quando eu morrer, mas não quero que digam que ‘morreu rico’”, escreveu o filantropo.
A totalidade das doações será canalizada para projectos nas áreas da saúde e educação, com enfoque especial nas regiões mais pobres do mundo. Entre os principais objetivos estão a redução da mortalidade infantil e materna por causas evitáveis, e a erradicação de doenças como a poliomielite, a malária e o sarampo.
Críticas a Musk e Trump
A decisão de Gates surge num contexto de crescentes cortes à ajuda internacional por parte de países como os Estados Unidos, o Reino Unido e a França. A crítica mais dura foi direcionada ao atual presidente da Agência de Eficiência Governamental dos EUA, Elon Musk, e ao presidente Donald Trump, que, no início de 2025, suspendeu o financiamento à Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
“A imagem do homem mais rico do mundo a abandonar as crianças mais pobres do planeta não é lisonjeira”, disse Gates ao Financial Times, numa referência direta a Musk, CEO da Tesla e SpaceX.
A USAID desempenhou durante décadas um papel crucial no financiamento de campanhas de vacinação, distribuição de alimentos e resposta a emergências humanitárias. Musk, no entanto, chamou a agência de “organização criminosa” e defendeu o seu encerramento numa publicação na rede social X.
Um legado filantrópico de larga escala
Desde a sua criação, a Fundação Bill & Melinda Gates já doou mais de 88 mil milhões de euros, tendo sido peça-chave na criação de iniciativas como a aliança global para vacinas Gavi e o Fundo Global de Combate à SIDA, Tuberculose e Malária.
Gates, hoje com 65 anos, afirmou que a decisão de encerrar a fundação ainda em vida é uma forma de maximizar o impacto da sua fortuna: “Prefiro ver os frutos dessa missão agora, enquanto posso acompanhar os resultados e ajustar o rumo se necessário.”
A distribuição dos recursos ocorrerá de forma gradual ao longo das próximas duas décadas, com foco em parcerias estratégicas e metas mensuráveis. Segundo a fundação, os detalhes operacionais do encerramento e dos últimos financiamentos serão divulgados nos próximos meses.