Plataforma Decide relata 388 mortes e mais de 800 feridos em protestos pós-eleitorais em Moçambique
A plataforma eleitoral Decide revelou esta segunda-feira que, no contexto dos protestos pós-eleitorais em Moçambique, pelo menos 388 pessoas perderam a vida e mais de 800 foram baleadas entre 21 de outubro e 31 de março.
Segundo o relatório divulgado por esta organização não-governamental moçambicana, que acompanha os processos eleitorais, 90% das mortes registadas foram causadas por disparos com munições reais, enquanto os restantes 10% resultaram de atropelamentos, agressões físicas e inalação de gás lacrimogéneo.
Desde outubro, o país tem vivido um período de intensa instabilidade social, com manifestações e paralisações organizadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que recusa aceitar os resultados das eleições de 09 de outubro, vencidas por Daniel Chapo, agora empossado como quinto Presidente da República.
Ambos reuniram-se em Maputo a 23 de março e, no dia seguinte, Mondlane apelou publicamente ao fim da violência. Desde então, não se registaram novos episódios de contestação eleitoral violenta.
O relatório da Decide indica ainda que cerca de 5% das vítimas mortais são menores de idade, 2,4% são mulheres e 4,2% pertencem às Forças de Defesa e Segurança (FDS).
Durante o mesmo período, foram contabilizados mais de 3.500 feridos, incluindo 839 baleados, e 4.341 detenções ilegais, das quais 91% dos detidos já se encontram em liberdade.
A organização regista também cinco desaparecimentos e diversos casos de perseguições políticas, maioritariamente dirigidas a membros do partido Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), que passou de extraparlamentar a maior força da oposição, após ter apoiado a candidatura de Venâncio Mondlane nas eleições gerais.