O Presidente da República de Moçambique, Daniel Chapo, apelou hoje a uma profunda reflexão colectiva sobre a necessidade de diálogo nacional alargado, com vista a pôr fim aos episódios de violência que têm marcado os ciclos eleitorais no país. Na sua ótica, a política não deve ser encarada como um campo de confrontos, mas sim de debate e construção conjunta.
“Desde a introdução da democracia multipartidária em 1994 até hoje, passaram-se três décadas em que realizámos eleições regularmente, de cinco em cinco anos. No entanto, nunca tivemos um processo eleitoral que terminasse sem desentendimentos”, declarou o Chefe de Estado, durante uma visita de três dias à província de Inhambane, no sul do país.
A intervenção surge na sequência da promulgação da nova lei que dá corpo ao Compromisso Político para um Diálogo Nacional Inclusivo – uma iniciativa resultante de um acordo alcançado a 5 de março entre o Presidente e os principais partidos com representação política, e que foi recentemente aprovada em sede parlamentar, tanto na generalidade como na especialidade.
Com a entrada em vigor deste novo enquadramento legal, Daniel Chapo defendeu que chegou o momento de todos os moçambicanos se sentarem à mesma mesa para repensar o futuro político do país, sublinhando que esta iniciativa representa apenas o início de um processo mais amplo de reconciliação e entendimento.
“Após cada eleição, invariavelmente assistimos a tumultos. Por isso, decidimos assinar este compromisso. Não é um ponto final, é o ponto de partida”, sublinhou, referindo-se ao pacto de diálogo inclusivo.
Chapo reiterou ainda que “na política não há adversários eternos”, condenando os actos de vandalismo registados após as eleições de 9 de outubro, que resultaram em prejuízos materiais significativos, tanto em bens do Estado como do sector privado.
“Temos de agir como uma família, sentarmo-nos e dialogar. Porque é que quem não vence as eleições não pode simplesmente felicitar o vencedor, desejar-lhe êxito e preparar-se para a próxima corrida dentro de cinco anos? Há algo profundamente enraizado que precisa de ser debatido com seriedade entre moçambicanos”, concluiu.